O NOMA E QUEM DECIDE O QUE É BOM E O QUE É RUIM

Acabo de ler a coluna de hoje da jornalista Farrah Storr para o britânico The Times, em que ela conta de sua péssima experiência de £1200,00 no Noma e aponta o culto que se criou em torno do restaurante, questionando (na abertura e no fechamento do texto) “Quem decide o que é bom gosto hoje em dia? São jornalistas? Inspetores da indústria? Ou aqueles que gritam mais alto na internet? […] Ou é o indivíduo com a refeição à sua frente; o jovem curioso com o livro de Roald Dahl no colo e a mulher de meia-idade que percebe que acabou de comer um pênis de rena de £100 com gosto exatamente de salada de nozes da Marks and Spencer.”

Eu fui ao Noma em janeiro de 2010, quando ainda não era o nº1 do mundo, tinha almoço executivo de três pratos e ficava ali nas docas de Copenhague. Era bom, mas não tão memorável quanto achei que seria. Também servia comida mais comum do que serve hoje: cenouras com caldo de cordeiro, vinagre e tutano; um vitelo com alface; rabanetes com (o que era super cool na época) “terra comestível”; lagostim com emulsão de salsinha, com o bicho levemente amornado pelo calor da pedra de basalto em que ele repousava; tinha até um doce em forma de boneco de neve. Lembro que saí de lá feliz, tentando concatenar o que a nova cozinha nórdica (que naquele tempo ainda era, de fato, nova) queria dizer ou entregar ou transformar. Com apenas 24 anos, eu era mais um entusiasta do que exatamente um erudito. Cheguei a escrever depois pro caderno Paladar, do Estadão, mas acho que dei mais ênfase ao Frantzén/Lindeberg (atual Frantzén), de quem até hoje sou fã.

Storr parece ter avistado outros jovens atuais equivalentes ao meu eu de 2010: gente empolgada e disposta a compreender o que uma refeição pode entregar além do sabor. E não falo sobre entregar experiência, serviço lúdico e surpresas de circo, mas sobre entregar pensamento novo.

“Noma agora parece um culto para adorar, em vez de um restaurante para comer. Eu me pergunto se isso é o que acontece quando você está no topo há tanto tempo quanto ele.”, diz o texto dela. Farrah diz ter se sentido traída, póbi.

Eu não quero defender o Noma, ou a comida do Noma, até porque, como disse, não é que eu me lembre de lá como o almoço mais fantástico da vida. Mas quero defender a ideia do Noma, ou a ideia de ir ao Noma, que Farrah Storr parece ter, se não compreendido mal, no mínimo, negligenciado. Não fez a lição de casa. 

Não se vai ao Noma com o mesmo propósito que se vai ao Chez Josephine, em Paris. Fosse para comer um rango nose-to-tail (ou nose-to-penis, como ela nomeia, com ligeiro asco de ter ingerido pedaços de pênis de rena, de surpresa no meio duma salada), ela poderia ter ido ao ótimo St John Bread & Wine, em Londres, bem mais perto de casa, sem fazer reserva, num lugar informal e à la carte, mais barato e que serve comida boa e cotidiana, ponto final.

O Noma não joga nessa divisão. O Noma joga na divisão dos apresentadores de movimentos, de tendências, de novidades, no lugar do desconcerto, do pouco usual. Não acho que isso torne a comida melhor – aliás, muitas vezes, torna-a estranha ou até ruim. Mas ali é a passarela do Fashion Week gourmet, não a Zara ou uma loja de prêt-a-porter. Não se senta na primeira fila do Paris Fashion Week para assistir ao desfile da Comme Des Garçons esperando que Rei Kawakubo tenha desenhado peças para você vestir numa ida à padaria da esquina. O vestido invertido da Viktor & Rolf não deve ser muito confortável. Esperar ver ali roupas cotidianas ou de fácil acesso visual é esperar que o Noma entregue o que você já estava aguardando – o que seria, neste caso, bastante preguiçoso do muitas vezes nº1 do mundo.

É justamente a Rei Kawakubo (e outros estilistas) contestar formas, propor novas silhuetas, botar na passarela roupas que uma galera considera feias, que faz 90% da molecada ter abandonado o skinny jeans, retomado roupas largas e confortáveis – que já foram consideradas feias mas que, com algum tempo e boa vontade, tornam-se bonitas e populares de novo. E é justamente o Noma (e outros chefs) ter levantado a bola da comida local, das redondezas, do menor desperdício, e ter proposto novos sabores, agigantado as técnicas de fermentação, que transformou e, como Storr reconhece, “influenciou tudo, desde a maneira como comemos até como pensamos sobre a terra ao nosso redor.”. De fato, chego a pensar que o Noma não está mesmo lá para agradar, mas para propor. 

E aí, por não ter gostado da comida do Noma, Storr diz ter se sentido julgada por outras pessoas, inclusive pelos garçons (o que é realmente um horror), e questiona novamente “Quem decide o que é bom e o que é ruim?”. Uma pergunta tão relevante quanto antiga – como “quem decide o que é arte?” ou “o que é ter bom gosto?”. E não é tão difícil de responder: neste sentido amplo, de determinar os novos queridinhos, apontar o nº1 do mundo, o ingrediente da vez, quem decide o que é bom e o que é ruim é a indústria – da qual ela mesma faz parte. São, como ela lembra, jornalistas, estudiosos, os próprios chefs, os críticos e inspetores, influenciadores… não é pouca gente. Também não é um conselho de 10 pessoas que diz “a partir de hoje vai todo mundo comer penas de galinha”. É um conselho impalpável de pessoas que, no devir do zeitgeist, vão se alinhando com determinados estilos e tendências e novidades que, quando combinados com técnica, frescor e alguma ousadia (sempre com dinheiro aportado) acaba silenciosa e homeopaticamente elegendo os novos bonitões da vez. E, aliás, o Noma parece já estar com os dias contados neste trono – até pelas acusações de abuso e trabalho mal remunerado.

No sentido mais restrito, quem decide o que é bom e o que é ruim para si mesmo é, em última instância, o indivíduo.  Assim como você pode vestir a roupa que quiser, você pode gostar do restaurante que quiser. Se isso vem com um ônus de desaprovação social, vai depender da roda de pessoas com que você anda. Estar vestido fora de moda na casa dos meus tios não bate errado; na baladinha cool desenhada pras pessoas se montarem no look moderno, talvez te torne um peixe fora d’água. Você tem duas opções: ignorar o julgamento e se divertir; ou ir embora e não mais frequentar o lugar. Ninguém te obriga a gostar do Noma e, veja bem, ninguém te obriga a comer lá. E também ninguém te proíbe de falar mal. “Procurei online para ver se havia outras experiências como a nossa. E com certeza lá estavam dezenas de pessoas que tiveram uma experiência semelhante.”, diz o texto da Farrah Storr. Estão lá o Tripadvisor é o Yelp pra galera descer a lenha e enaltecer os Camarada Camarão, Outbacks e congêneres. Também estão aí os Instagrams e TikToks pra galera fazer post que eu, particularmente, considero de gosto duvidoso. Posts com milhares de likes, centenas de milhares de visualizações cheias de cheddar derretido em cima de sushi safado e carpaccio de salmão com gelo seco. 

Por fim, tem um fator que corre paralelo a tudo isso. Para muita gente, o Noma é uma aventura única, um dinheiro economizado com força e é muito difícil você falar mal da sua única viagem da vida ao exterior. É quase obrigatório achar deslumbrante. Só consegue reclamar da viagem ao Chile quem já foi e sabe que pode continuar indo a outros lugares do mundo – é raro a gente sabotar o próprio orgulho assim. Falar mal do Noma custa uma pequena fortuna e, neste caso, não é todo mundo que tem a chance. Então é natural que muita gente saia de lá metralhando elogios,.

De novo, longe de mim defender a comida do Noma, que nem sei como anda hoje em dia. Mas me parece um chilique questionar a ideia mundial de bom gosto simplesmente porque você não gostou do novo disco da Rihanna. Ir ao Noma e achar que não vai encontrar uma cambada de foodies 100% dispostos a amar tudo que o René Redzepi puser na mesa me parece, acima de tudo, um autoengano – ou, talvez, uma vontade desesperada de pertencer a um meio de pessoas que você, pelo menos assim de longe, parece não gostar. Faz pouco sentido.

***o link para o texto da Farrah Storr está aqui: https://farrah.substack.com/p/the-terrifying-cult-of-good-taste?r=zi254&utm_medium=ios&utm_campaign=post 

SOBRE O “LE JAZZ”

Chegou aqui em casa um livro do Le Jazz, escrito pelo Luiz Américo. Ainda não li, mas o troço é bem embaladinho e conta o que, para mim, é uma das histórias mais subestimadas da gastronomia paulistana recente. Eu já consigo ouvir o barulho do chilique antes mesmo de me explicar e de te irritar de verdade.

O Le Jazz nunca se pretendeu um bistrô de foodies. Até foi, bem lá no início, quando era impossível conseguir uma mesa. E aí, por não contemplar a classe de comedores do circuito conhecido e ter feito sucesso, expandido, aberto novas unidades, ele se tornou meio inimiguinho do meio foodie. E, de certa forma, com razão. O público que frequenta o Le Jazz parece ter uma relação menos comprometida com só a comida – pessoas que saem para desfrutar mais da mesa do que dos pratos à mesa. Também tem bastante mauricinho de Vans (ô, raça), playboy de Vert (ô, raça) e patricinha tomando seus espumantes e aperóis. Dividir o mesmo salão com essas pessoas? O foodie não gosta.

**(PEQUENO INTERLÚDIO PARA A DEFINIÇÃO DE FOODIE (texto que escrevi em 2016, no Facebook)

Mas a verdade é que a gente deveria agradecer ao Le Jazz. Em primeiro lugar porque, se esse público está frequentando uma casa a que você não vai, esse mesmo público não vai se sentar ao seu lado nas casas a que você vai. Olha que vitória, irmão. Em segundo, e muito mais importante, é porque, justiça seja feita, o Le Jazz meio que inaugurou a boa cena de comida no bairro de Pinheiros/Vila Madalena. Antes dele, quem tava lá sabe, existia pouca gente por aqui – o Chou e o Arturito e nem sei se tinha mais alguém relevante, talvez o São Cristóvão e o Sabiá, mais na linha “botecos de boa comida”. Quando o Le Jazz chegou, a Rua Dos Pinheiros era um inferno com El Kabong, Twin Burger e o que mais houvesse de pior no quesito “boa comida”. A chegada do Le Jazz talvez seja o marco que define a transição de Pinheiros como um bairro senil e de classe média para um destino gourmet para quem vem de São Paulo ou a São Paulo, do resto do Brasil e do mundo. Foi muito clara a transferência de status dos Jardins, que foi ficando no esquecimento, apenas com restaurantes irreputados (hoje retomando o fôlego), para Pinheiros. E foi muito logo. Em dois anos, tinha um monte de gente abrindo no bairro – do Tan Tan ao Boca De Ouro, Izakaya Matsu ao Chef Vivi, o Hirá, vish, conte aí as dezenas de opções excelentes com que o bairro conta hoje. Também veio com bom preço. Em setembro de 2012, dez anos atrás, tinha pratos a R$25,00, como me lembra meu Twitter. Na época, o preço era muito mais discrepante dos outros restaurantes franceses do que hoje, e isso ajudou a baixar a várzea que estava virando o preço médio dos cardápios inflacionados. 

Agora, a outra justiça que deve ser feita é que o Le Jazz, com todo o horror que o meio foodie criou a ele, não serve comida aquém da maioria dos bistrôs de São Paulo. Sejamos francos. O cardápio não é lá tão diferente. Com alguma deferência para o Ici Bistrô (porque tem umas rãs deliciosas e ótimas asinhas de frango), outro pouco pro Vôtre Brasserie (pelas espetaculares batatas fritas), uns pratos do La Casserole, a cena de cozinha francesa de São Paulo não é assim um primor. Aliás, em muitos lugares carésimos, a comida é deprimente. E, convenhamos novamente, o público nos outros bistrôs franceses também não é tão mais adorável assim. Nalguns, trocam-se as patricinhas pelas peruas, os playboys de Vans pelos de coletinho espumado e senhores carteiradores e abraçadores de maîtres. 

Claro, o Le Jazz é um hit e, algo mais difícil de conquistar, um hit já com idade para ser clássico da cidade. E quando um comércio se multiplica, é natural que ganhe ares de padronização, perca aquele tom de “é uma família de classe média baixa tocando o rolê, suando e pagando os boletos na unha”, como o foodie médio gosta de romantizar. Mas, dizia o Tom Jobim, “no Brasil, sucesso é ofensa pessoal”. Agora, imagina que, no lugar do Le Jazz, neste formato e com este público, poderia ser muito pior, poderia ser um horror, poderia ser uma espécie de Pecorino francês. 

Sabendo escolher, o Le Jazz tem boa língua com purê (que o chef não me mate, mas eu sempre pergunto se dá para trocar o molho mostarda, que é mais doce, por molho au poivre) por R$56; aliás, o próprio steak au poivre é bom; steak tartare e moules et frites de bom padrão; umas tartines gostosas; hachis parmentier. Ontem comi um linguado à dorê decente (com licença para o arroz jasmim, que tava bem maomeno). Já comi errado? Já. Já comi bem? Muitas vezes.

Pela conveniência de abrir todos os dias e o dia inteiro (meio-dia à meia-noite sem parar) e ter um pote de mostarda dijon Maille à disposição de todas as mesas, e segurar o padrão do rango dentro do que promete, a comida do Le Jazz é mais do que aceitável, é um bom negócio – para eles e para nós.

*Post enquadrado na categoria “Como irritar pessoas e não comer ninguém em troca”, que é título da minha autobiografia que nunca lançarei. Volto em setembro.

DONA MARIQUITA

A Bahia é tão independente culturalmente, que transforma cantores em milionários antes que eles cheguem ao sudeste. O artista surge por lá e, quando a gente descobre por aqui, ele já está no terceiro disco, tem jatinho particular e ninguém mais aguenta ouvi-lo cantar no carnaval de Salvador. Isso porque a Bahia, além de riquíssima em todos os elementos culturais (música, teatro, dança, comida, religião, arquitetura, etc), ela se consome. E talvez seja por isso, esse orgulho e independência (e por um tanto de umbigocentrismo do sudeste) que a gente ainda trate a cozinha baiana como exótica – a gente não faz questão de se apropriar como nossa comida cotidiana, e eles não fazem questão de exportá-la, porque já se bastam.

Em Salvador, come-se muito bem, em vários lugares e tipos de bares e restaurantes. Na cozinha mais alta, está no top 5 cidades do país; na cozinha média, é top 3. E, no topo da pirâmide, está Leila Carreiro, dona do melhor restaurante de Salvador, o Dona Mariquita. Ninguém, absolutamente ninguém, cozinha e pensa melhor a comida baiana do que esta mulher. Leila é, além de baita cozinheira e mulher maravilhosa, uma enciclopédia da culinária baiana. Se a cozinha do Dona Mariquita é patrimonial, a cozinheira é um patrimônio soteropolitano por si só. Cinco minutos conversando com ela e você se sente um jumento gastronômico – eu já passei mais de hora, que vergonha. Também é estudiosa das comidas de santo e da influência do candomblé naquilo que vai à mesa – o cardápio físico do Dona Mariquita, aliás, é uma aulinha de nomes e referências, tem glossário e notas de rodapé.

A casa é uma metralhadora de detalhes e belezas: das fotos lindas penduradas na parede ao uniforme das garçonetes também lindas, a riqueza do cardápio, das descrições, o cuidado na apresentação dos pratos, as louças, os sorrisos, tudo. É autêntico e exuberante, mas não é forçado – talvez essa seja a definição da própria cidade.

Não é só o melhor restaurante de lá, é o melhor bistrô brasileiro do país (junto com o Jiquitaia, acho). É disso que se trata o Dona Mariquita, um bistrô baiano de comida boa, muito acima da média, com respeito à tradição e às técnicas culinárias, num lugar bonito, sem frescurite, mas com ar-condicionado e cerveja gelada. Obrigado.

Em duas visitas a Salvador, eu fui quatro vezes ao Dona Mariquita. Voltaria (e voltarei) muitas outras, para zerar e repetir o cardápio inteiro. A cozinha é muito consistente. De qualquer forma, aqui vai minha sugestão de sequência para quem estiver na cidade. De nada.

SIRI MOLE FRITO

Depois de sentar e pedir sua cerveja, nem precisa olhar o cardápio: é siri mole frito. Os bichinhos vêm perfeitos, inteiros, fritos com técnica digna de um izakaya – o empanamento lindo e crocante, a carne úmida. A pimenta da casa (como na maioria das casas da cidade) acompanha com louvor.

EFÓ & ACAÇÁ

Efó é um refogado de taioba com camarão defumado, dendê, amendoim e castanha de caju. É das melhores coisas que já comi no Brasil. Acaçá de leite é um “bolinho” feito de milho branco com coco, ligeiramente adocicado, que serve como acompanhamento ou para comer separado – quase como um onigiri baiano. Aqui, junto com o efó, foi combinação fruto da minha cabeça mesmo e, peço licença para um arroubo arrogante, funciona demais.

XINXIM DE MOELA

Oxinxim é o nome do método de preparo. Aqui, o de moela é uma delícia e vem em porção menor, como entrada.

CARURU DE COSME E DAMIÃO

O caruru de Cosme e Damião do Dona Mariquita é o melhor que já provei na vida e, apesar de ser servido só em setembro, eu acho (só acho) que é possível encomendar com a Leila. De qualquer forma, existe porção de caruru para pedir no cardápio e considero indispensável.

MOQUECA DE CAMARÃO COM MATURI

Come-se moqueca na cidade inteira, mas eu sou meio viciado, então peço e recomendo pedir, apesar de ser o único prato que já vi oscilar na execução (da última vez veio com pouco caldo e menos quente do que eu amo). A vantagem da moqueca aqui é: menos leite de coco e mais dendê.

PUDIM DE FAVA DE ARIDAN

Dona Mariquita compra as favas de aridan de um japonês na Feira De São Joaquim. É uma fava meio gigante, com cheiro de fruta passa (banana, figo, essas mais gordinhas), mas bem delicada. O pudim é lindo, liso e pouco doce. Vitória.

DONA MARIQUITA

Rua do Meio, 178 – Rio Vermelho – (Salvador/BA)

Instagram: https://www.instagram.com/donamariquita/ 

OTEQUE

Eu costumo anotar as coisas, porque bebo, minha memória falha aqui e ali. Mas Alberto Landgraf faz questão de me lembrar repetidamente que eu fui o primeiro jornalista a escrever sobre ele neste país, quando o Epice tinha acabado de abrir. É bem possível, até porque, na época (lá por 2011, talvez?), ele mesmo não bebia uma gota sequer de álcool. O cozinheiro que passa por lugares rígidos (Alberto passou pelo Tom Aikens, Gordon Ramsay e Pierre Gagnaire) sabe que o caminho da cachaça é perigosíssimo e muito recorrente. E a decisão de não beber, pelo menos quando se está começando a decolar, é bem esperta: o Epice abriu sóbrio e determinado a mudar o padrão do que a gente comia e, com uma cozinha minúscula, fez milagre e subiu o sarrafo da comida em São Paulo. Subiu muito. O menu de almoço que custava R$39,00 (entrada, principal, sobremesa e água grátis) às vezes tinha boudin de foie gras; à noite, servia o que hoje muita gente parece tentar emular em restaurantes recém-inaugurados. Trouxe James Lowe, ensinou um pessoal a fazer carne dry-aged, botou orelha de porco frita como entrada, criou chefs e sub-chefs que estão comandando a nova cena de comida. Fez escola.

O Epice tinha falhas, claro: uma sobremesa de abacaxi que logo saiu do cardápio, um bar completamente defasado, a decoração que não condizia muito com o DNA da comida, uma carta de vinhos que, apesar de bem escolhidinha, ainda era deficitária, não tinha um sommelier no salão. Algumas falhas foram sendo corrigidas ao longo do tempo – chegou a ter Kennedy Nascimento comandando o que, hoje, eu sei que foi o melhor bar de restaurante que esta cidade já teve. Hoje eu sei, mas é tarde demais. O Epice fechou – não sei se o Alberto falhou em São Paulo ou se São Paulo falhou com ele, mas o Epice era ouro e a gente achava pouco. Que erro. Porque enquanto procurávamos nosso nióbio, perdemos Landgraf justamente para quem? Pro Rio De Janeiro, terra que até pouco tempo atrás era um deserto de boa comida.

Se, por um lado, dói ver Landgraf a uma ponte aérea de distância, por outro, é com motivo justo: o Oteque é hoje o melhor restaurante do nosso continente e com larguíssima margem, uma vaga de estacionamento para um caminhão-cegonha entre ele e o segundo colocado, seja quem for. É meu restaurante favorito do hemisfério sul. Fui três vezes e só melhora. Na última, agora no final de setembro, não vi nada fora do lugar. Os erros do Epice estão resolvidos, a começar pelo serviço.

Com Laís Aoki e Léo Silveira no comando, ambos sommeliers, o salão está sempre um passo à frente da sua vontade e outro passo atrás da sua percepção. A água é reposta o tempo todo e os pratos são retirados em silêncio, mas com um sorriso. A explicação das bebidas vem com conhecimento pleno, mas é econômica. O serviço exala competência, só que é amável, às vezes até afetuoso, e faz um jantar importante perder a pompa do constrangimento engravatado – aquele tanto de sim que você tem que ficar repetindo e concordando. A taça é Zalto, mas não precisa falar baixo. “Hoje eu bebo vinho, mas o que eu sei, foram o Léo e a Laís que me ensinaram.”, diz o chef. Não duvido. 

Aliás, eu recomendo fortemente a harmonização de bebidas (existem duas: uma mais barata e outra mais cara, ambas ótimas). Se levar em consideração o preço de uma garrafa ali, a brincadeira sai muito mais barata e vantajosa. Além disso, você está num restaurante 3 estrelas Michelin (eu quero que se foda se o Guia ainda não se tocou disso), que investe alto para que a bebida tenha tanta originalidade quanto a comida, vale a pena pedir para que eles também escolham seu mundo ideal. É, inclusive, parte do preço que se paga pela comida e serviço, ter gente muito competente para te servir melhor do que você mesmo se serviria. E a harmonização é um primor, tem amplitude de vocabulário: começa com um sakê, passeia entre os vinhos que pautam as conversas de bar dos sommeliers moderninhos, mete um natureba radical, jorram Juras e Savoies, volta para a borgonha tradicional, solta uma cerveja da Trilha, um vinho Madeira, um Jurançon, sobe pra Espanha. Além disso, tem vinhos exclusivos que, no Brasil, só existem ali. Tem Champagne? Também tem (Chartogne Taillet). Mas, como Frank Bruni costumava dizer, a diferença entre a culinária boa e a excelente é saber exatamente o ponto em que “cremoso, amanteigado e untuoso” torna-se um bolo de gordura e parar logo antes disso. Vale para o serviço de vinhos e afins. É o melhor passeio entre bebidas que já vi no país, com o maior léxico e com nenhum tiro errado, nada menor do que impecável. 

Era meu aniversário, então também ganhei uma taça de Overnoy e uma de Gabrio Bini – eles conhecem o próprio cliente. E, se não conhecem, perguntam. A arrogância a que os restaurantes estrelados chegaram é assustadora. Por que diabos ninguém mais pergunta nada ao cliente? Lembro-me que no Frantzén, em Estocolmo, me perguntaram em que lado da mesa eu gostaria que minha cadeira estivesse (mais de frente pro salão ou pra cozinha); no Per Se, me perguntaram se eu preferia que minha cortesia fosse um Sauternes ou um Madeira velho (veja bem, a cortesia). No Oteque, em determinado momento da refeição, fui perguntado se o ritmo dos pratos estava ao meu gosto, se eu preferia mais lento ou mais rápido – que cuidado raro de ser visto.

Os pratos são trazidos pelos cozinheiros, confeiteiros, pelo Nilson (o sub-chef), pelo próprio Alberto. Seria proibitivo pagar R$550 por um menu degustação e ter um garçom do Spot que caga para a sua mesa e derrama os pratos e copos no seu colo como se fosse um Linguine de patins no final de Ratatouille; mas, tão horrível quanto, seria pagar alto para não poder desfrutar do jantar e ter que ouvir uma masterclass sobre onde os vegetais foram colhidos e como aquilo que você está comendo é valioso. Aqui, novamente, a explicação é precisa: “temos ostra, picles de maçã verde e uma emulsão de ostra”. Eu só fiquei sabendo de mais detalhes do preparo porque, depois de dar a primeira (e única) bocada, perdi, perdi feio. A ostra gorda e de sabor limpíssimo veio em contraste com um sabor de mato, grama cortada mesmo. Era chique, mas era ousado, um gosto que ninguém tem coragem de botar para jogo. Perguntei o que era. “É salsinha”, me disse o Alberto. As respostas existem, mas, como em Mad Men, o silêncio fala alto para quem quer ouvir o subtexto, e ele basta. 

O Oteque também tem um aquário próprio de ostras, que fica logo ao lado da mesa da cozinha, emulando água do mar, mas livre de quaisquer impurezas (novamente, eu que perguntei). “Foi o único jeito que eu encontrei para poder servir ostras e ter a certeza de que nenhuma pessoa passaria mal saindo daqui.” Nenhum jantar pode ser tão inesquecível quanto um jantar com ostra duvidosa. Num lugar inseguro, além de todo o processo utilizado na emulsão, o chef teria se gabado da procedência das ostras, do aquário, da salsinha, talvez tivesse falado o nome do Seu Isaías, que planta só três pés de hortaliça por estação. Dá palestra quem precisa te entregar, além do próprio prato, mais provas de que aquilo vai ser bom. Por favor, não coloque a insegurança da sua cozinha na conta dos meus ouvidos.

Depois disso, vieram beterrabas com leite de castanha, pato curado e fermento seco; um atum bluefin com maionese de peixe e caviar osetra; sardinha com foie gras e brioche, um clássico que começou lá nos tempos de Epice; camarão, pirão, vinagrete de pimenta de cheiro e azedinha; arroz de músculo com bottarga e trufa italiana; sorvete de castanha do pará crua. É tudo muito bom, muito acima da média. E é acima da média não só em gosto, mas também intelectualmente – é comida moderna, sem arroubos criativos gratuitos e, mais importante, é comida mesmo, comida de verdade, não uma ideia ou piadinha culinária que o chef pensou no banho. É possível “ter uma experiência gastronômica” (que horror) sem sofrer uma gavagem de fumaças e truques culinários, sem ter 24 passos no menu. O que chamam de experiência, eu chamo de comer bem, beber à altura, ser bem servido e, ao mesmo tempo, conseguir aproveitar a mesa, a companhia, a noite. Check.

Eu não vou passar horas superadjetivando prato a prato – isso você encontra em 20 outros blogs e resenhas. Até porque, em determinado momento do jantar, bem cedo, ali pelo terceiro prato, eu parei de anotar. Não vale a pena. No Oteque, não se comem palavras, come-se comida de quem está no topo da cadeia alimentar. E, se o Epice subiu o sarrafo do que é boa gastronomia em São Paulo, o Oteque muda a regra de novo, agora para o continente. Espero que não falhemos com ele.

*Mas quanto sai a conta inteira? Depende. Acho que quem pode pagar um duas estrelas Europa pode pagar um três no Brasil; quem pode levar a família na Fogo De Chão também pode; quem pode comprar um terno bonitinho pro casamento do amigo, também pode. Agora, se você prefere ir com a família à Fogo De Chão ou comprar um terno, você pode ir ao Oteque, mas não deve.

OTEQUE

Rua Conde de Irajá, 581 – Botafogo, Rio de Janeiro

Telefone: (21) 3486-5758

Instagram: https://www.instagram.com/oteque_rj/

OS MELHORES DO MUNDO (WORLD’S 50 BEST)

Uns quinze anos atrás, lá por 2005/2006, eu assinava a Q Magazine, que lançou uma edição com os cem melhores discos da história (do rock, pelo menos). Que ousadia. Quando recebi a revista, tinha certeza de que não encontraria meus cinco favoritos sequer entre os vinte primeiros, mas era impossível não sair voando entre as páginas para confirmar minha decepção. No primeiro lugar, nada de Beatles, muito menos Rolling Stones, Bob Dylan ou Beach Boys, mas um disco do (tambores rufando) Radiohead. Sim. Sabe quem estava em segundo lugar? Ele mesmo (tambores rufando), outro Radiohead. E em décimo? Radiohead.

Três cabeças de rádio entre os dez primeiros, amigo. Acho que nunca vi a palavra ‘ridículo’ ser usada tantas vezes nos comentários de um site. Chequei meus prediletos e o mais bem colocado estava lá, em vigésimo terceiro. Humpf. Guardo a revista até hoje e, sempre que a revejo, dou risada e acho sensacional que tenham irritado tanta gente. Fico imaginando os beatlemaníacos roendo as vinte unhas de raiva, enquanto alguns adolescentes modernos esfregavam o OK Computer (do Radiohead), o The Bends (do Radiohead) e o Kid A (vejam só, do Radiohead) na cara de John, Paul, George & Ringo (que não são do Radiohead). Que delícia!

Ontem, saiu a lista anual dos 50 Melhores Restaurantes Do Mundo, da San Pellegrino/Acqua Panna. Noma em 1º, Geranium em 2º, Asador Etxebarri em 3º…  nada muito fora do previsível, mas o pessoal ainda fica puto, indignado. Meus dois restaurantes favoritos do mundo estão em 6º e 33º. Azar o meu (ou sorte, se pensar no que um primeiro lugar faz com os preços e disponibilidade dos restaurantes que ganham). É uma lista, não é absoluta, mas também não é sua – você pode fazer a sua própria, Deus permite, eu juro! 

É uma lista da indústria e feita para a própria indústria. É como o Oscar. Alguém realmente acha que Green Book foi o melhor filme de 2019? O Oscar premia para o crescimento da indústria, às vezes para dar uma lambida em determinado grupo, corporação, tem lobby para caramba, ultimamente tem privilegiado causas identitárias e discursos alinhados, tem uma agenda. Para quem sabe ver filme, ele é mais uma diversão do que uma necessidade; e se você sabe comer e discorda tanto da lista, deveria enxergá-la da mesma forma – já sabe tanto, por que precisa dela?

E digo mais: chamem do que quiserem, de marketing, de ação entre amigos, de lobby, de falcatrua, mas é uma lista que contribui sobremaneira, não só para os premiados, como para os injustiçados e para nós. No discurso final, René Redzepi (do Noma) contou o quanto ter sido o primeiro do mundo transformou a história e o cenário de gastronomia e turismo da Dinamarca inteira, onde antes “todo mundo pensava que só tinha coisa podre”. A lista fez as pessoas viajarem para um país que era inexistente no mapa gastronômico mundial; hoje é o, ou um dos, destinos mais cobiçados. Ter 16 latinoamericanos entre os 100 melhores do mundo certamente afeta o nosso cenário – porta que Alex Atala abriu e aos poucos a gente foi escancarando.

No nosso viralatismo, vi muita gente gralhando contra o único brasileiro que nos representou entre os 50, aliás, entre os 20 primeiros do mundo: A Casa Do Porco, que ficou em décimo-sétimo. Além da excelente comida que o Jefferson e a Janaína pensam, plantam, criam, cozinham e servem, o trabalho de relacionamento que fazem, com chefs latinos e do resto do mundo, com jornalistas e comedores importantes, ninguém faz – muitos por incompetência, outros por preguiça, outros por não terem as caras de fazer. A gente deveria estar vibrando e aplaudindo de pé. E agradecendo. Porque, se tem alguém neste país atraindo atenção e se esforçando para que a gente seja notado, é o casal Rueda. É capital intelectual e financeiro sendo aportado para nós em detrimento do suor deles.

Além disso, a lista do 50 Best é de ótima serventia para quem sabe ler além do óbvio. Pense no critério: são mil jurados (escolhidos com, no mínimo, algum crivo) que gastam fortunas viajando o mundo e indicando os melhores lugares em que comeram nos últimos meses. É gente calejada, conheço alguns deles, foram ao L’Ambroisie e ao Per Se algumas vezes na vida, têm milhagem de comida muito acima da média. Os votos, como a história da lista mostra, tendem a mirar em coisas novas, chefs mais jovens, gente que está fazendo um trabalho fora do padrão, dentro de uma linha editorial mais ou menos semelhante. É uma lista de tendências e, com um pouco de esperteza, dá para estudá-la e entender para onde a comida está migrando, em que os chefs estão mirando, que país ou tradição culinária despontam como promissores. Não gosta de tendência? Leia o Guia Michelin, cacete! Continua voltando no mesmo pico em que você come tão bem há vinte anos. É bem simples.

Então, eu sou a favor da lista, gosto do estilo e acompanho o prêmio ao vivo – até porque, assim como no carnaval, o melhor momento é a apuração. Mas é preciso ter leveza, saber discordar com resignação, entender que seu bistrozinho querido pode não dar as caras entre os vencedores (afinal a lista não é sua), ainda que a gente fique e deva ficar um pouco triste, decepcionado. E ela não define quem é melhor ou pior que o amiguinho – fosse o caso, acho que nem sobraria espaço para restaurantes ocidentais (ou você acha que é coincidência não ter um puto restaurante de sushi de Tóquio?) -, mas ela elenca os favoritos dos jurados nos últimos meses.

Calma, é só uma lista. É bastante relevante, mas é só uma lista e, se está incomodando, o papel está cumprido. Porque apontar para o futuro, ou pelo menos para o novo, é pedir em voz alta para que venham vinte e cinco saudosistas te dizer o quanto o passado era melhor. É difícil convencer sobre a modernidade, porque o clássico é a muleta de quem envelheceu e não se tornou um clássico, e isso para mim tem nome. Em 2006, o Radiohead ainda ditava muitas batidas, mas já tinha deixado sua digital e transformado a história da música. O Noma é meio isso, A Casa Do Porco, idem.

O OK Computer pode não ser o melhor disco da história do rock – ou pode, decide aí. Mas é um baita disco. O Noma também não é meu favorito do mundo – comi muito melhor no Frantzén, com uma semana de distância entre os dois (2010) -, mas é (ou era) também um baita restaurante e mudou e ainda muda o jeito que eu, você, e qualquer pessoa que possa pagar os lugares da lista comemos. Só não me venha com Massimo Bottura, porque aí eu fico puto… lista maldita. 🙂

*Link pra lista: https://www.theworlds50best.com/list/1-50

**Parabéns a todos os brasileiros que alcançaram o top 100 – Jefferson & Janaína Rueda, Alberto Landgraf, Gabriela Monteleone e Alex Atala, Vini Maciel e Rafa Costa E Silva. 

***Não tem sushi, mas tem o Zaiyu Hasegawa do DEN posando com foto da Mari Hirata (in memoriam) e deu um orgulhão de novo – aliás, servi drinks pros dois quando dava plantão no bar da Casa Do Porco, em 2017.

METZI

A pantone de sabores mexicanos aqui em São Paulo sempre foi pastel – com exceção de Dona Lourdes Hernández, da antiga Casa Dos Cariris, onde comi uma só vez. Quando não é pastel, é aquele alaranjado Clicquot, que colore o diesel que chamam de cheddar nas franquias tex-mex. No, Señor! Gracias.

Daí eu fui ao Metzi, o pico mexicano de comida meio Cosme NYC de Pinheiros (parece que o pessoal trabalhou lá mesmo). E é bom. Sólido. Tá tudo lá. É bom sim. Bem gostoso. Nota 8 da Kogut.

Digo isso repetidamente porque um lugar não precisa ser espetacular para ser bom. E, se o preço é condizente (como é no caso do Metzi, em que se pagam justos 180 reais por um menu degustação que envolve matéria prima cara e bem trabalhada), vale a pena. O salpicão de peixe e polvo, ele sim, é mais que bom, bem mais – e é estranho, funky, intenso, adulto… delicioso. O “camarão, chorizo, huatape e mojo de ajo” também é bem acima da média. O mole verde com brócolis e castanha (uma óbvia importação do Cosme) é direito, como é também o guacamole: gostoso, mas padrão, na média… tipo “Pegaria? Ah, pegaria”. A barbacoa de cordeiro também é saborosa (mais que o caldo dela). Os molhos de pimenta são blasés e esquecíveis – dá para botar uma colher de chá e passar despercebido. Os pratos são lindos, o esquema permite compartilhar, a mesa vai bem. As sobremesas, eu passo.

No que não diz respeito à comida, o Metzi é mediano: as cadeiras são marromeno, o ambiente é quente (26ºC confirmados graças ao medidor de temperatura e umidade do Alex), a música é meio alta e, por vezes, chatinha, um coquetel pode ser bem gostoso (Paloma) e, em seguida, outro pode ser bem doce (Tequilita). Há poucos vinhos, todos de uma só importadora, Uva Vinhos, como eles fazem questão de informar (sabe Deus por quê). O ritmo dos pratos também é estranhamente super rápido. Termina de comer um, chega outro e outro… Está tudo um passo antes do incômodo. Não é, mas é quase. Já o serviço é ágil, discreto e simpático, a mesa está sempre limpa, a garçonete tem senso de humor.

O Metzi é bem vindo. Come-se bem. Mas me venderam como se, nossa, alguém tivesse trazido Oaxaca na mala – ouvi gente que preferiu o Metzi ao Cosme (não duvido e o hype é parecido). A sensação é como a que tive com “Parasita”, que é um filme divertido, bem feito, bem atuado e com bons momentos. Ele nada sozinho numa piscina com 8 raias, portanto é ouro na categoria. Mas não justifica essa gritaria toda.

Instagram: @metzirestaurant

Rua João Moura, 861, Pinheiros